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​CRISTIANISMO

 

Para a maioria dos cristãos, na morte, o espírito vai para o céu ou para o inferno. Para a religião católica, há o purgatório e para outras denominações, a morte é um sono até o dia do juízo. O destino varia de acordo com o que o morto fez em vida. Por isso, quando um cristão morre, além de rezarem para que o falecido seja perdoado dos seus pecados e alcance o paraíso, os familiares e amigos consolam-se uns aos outros pela perda. Os cristãos protestantes recém-falecidos são vestidos com roupas habituais e costuma-se retirar qualquer adorno de seu corpo.

ÚLTIMA BENÇÃO

Quando um católico está a morrer, o padre dá a extrema-unção (dá os Sacramentos), passando o óleo dos enfermos (azeite de oliva benzido na missa) em seis partes do corpo: olhos, narinas, boca, ouvidos, mãos e pés. Enquanto isso, faz orações e pede a Deus que perdoe a pessoa pelos males cometidos. A pessoa em causa tem de estar consciente para poder rezar em conjunto com o padre.
 

LIVRE
Alguns cristãos abrem as janelas logo depois de uma morte, para que corra vento no ambiente e a alma do falecido se sinta livre. Pela tradição católica, o corpo deve ser lavado, ungido com perfume e especiarias e vestido com boas roupas, porque tudo isto serve para preparar o morto para a vida eterna.
Familiares e amigos recebem as condolências em sinal de luto e respeito. O caixão fica aberto para que os presentes que pretendam possam tocar no corpo e lhe dirijam as últimas palavras. A cerimónia deve ser a melhor possível, em sinal de reverência à memória do morto.
Sempre que possivel é efectuado um cortejo fúnebre até ao cemitério desde a residência ou capela mortuária onde o corpo esteve em câmara-ardente, o qual pode ser feito a pé ou de carro mediante a distância e obedecendo às leis camarárias, uma vez que nas grandes cidades, normalmente é proíbido efectuar acompanhamentos a pé pelas ruas para que o trânsito automóvel não seja interrompido. Alguns familiares e amigos carregam o caixão durante o percurso ou já dentro do cemitério, enquanto os outros cantam ou rezam durante o acompanhamento. Um líder religioso, padre ou diácono comanda o enterro, fazendo as orações, dizendo palavras de consolo à família e discursando sobre o que significa a morte para o cristianismo.


ORAÇÕES FINAIS
Os católicos rezam celebrando uma missa, celebração da palavra ou responsos e em muitos casos entoam cantos religiosos. Um padre ou diácono faz as exéquias (conjunto de rezas para encomendar o corpo para a vida eterna). Familiares e amigos do morto vestem-se de maneira sóbria e respeitosa, adoptando a preto ou cores escuras como cor do luto. Por sua vez, os protestantes, não adotam o preto como cor oficial do luto.


PRIMAVERA ILUMINADA
No caso dos católicos, é colocada uma cruz em cima do caixão e quatro velas ao redor (tochas, tocheiros), mas em muitos casos, em determinadas capelas-mortuárias, por questões de segurança ou zelo não é permitido colocar no interior das instalações cera sólida, sendo substituidas por tocheiros eléctrificados com lampadas. As velas simbolizam a luz de Cristo ressuscitado e são acesas para iluminar o caminho da alma até a eternidade. Os amigos e familiares levam flores para o funeral, simbolizando a "primavera da vida que floresce na eternidade".

O LUTO CATÓLICO
Pode durar 7, 30 ou 365 dias, dependendo da vontade dos familiares. Antigamente, as mulheres vestiam-se de preto durante pelo menos um ano nas situações em que morriam o pai, o marido ou filhos.

REZAR SEM CESSAR
O clássico ritual fúnebre dos católicos é a missa de sétimo dia, celebrada para iluminar a alma do falecido, já que acreditam na ressurreição. Para eles o dia 01 e 02 de Novembro é uma data especial: o Dia de Finados, em que os fiéis oram pelos mortos e os reverenciam.
Quanto aos protestantes oram e confortam-se sem rituais marcantes.

COMO É QUE AS GRANDES RELIGIÕES VELAM OS SEUS MORTOS?

JUDAÍSMO


A morte não é uma tragédia, mas sim algo natural. Os judeus veem-se como "hóspedes temporários" de passagem pela Terra. Ou seja, a alma sobrevive mesmo que o corpo tenha falecido. Se foram bons e dignos em vida, a alma será recompensada no além. E é para que siga iluminada que amigos e familiares cumprem uma série de rituais.
"Pois do pó viestes, e ao pó retornarás", Bereshit 3:19.


NADA DE ENFEITES

As janelas do local do óbito de um judeu são abertas e acessórios como joias, relógios e até perucas são retirados do morto, para que ele não se encontre com o criador levando objetos que pertencem ao mundo.


 

SIMPLES
O caixão deve ser arranjado rápido, seguindo um padrão: tem de ser de madeira, forrado com um pano preto e adequado ao tamanho do corpo e tem de ter estampado a estrela de Davi. Os caixões dos judeus devem ser parecidos uns com os outros para lembrar que a morte é igual para todos.

PREPARAÇÃO DO CORPO

O corpo é preparado para o enterro por três pessoas treinadas (chamam-lhes Shamashin) que não sejam parentes do falecido: o corpo é lavado com panos e água morna e as unhas são bem limpas. O rosto e os genitais ficam cobertos e os preparadores (ou Shamashin) pedem desculpas ao morto pelo incómodo e fazem orações para cada parte do corpo.​cabeça com um lenço e homens com o quipá . Ninguém deve puxar conversa nem dar os pêsames aos familiares do falecido: os judeus creem que nenhuma palavra pode expressar tamanha dor, então o melhor é ficarem silenciosos nessa hora.

SOB PEDRAS
Depois da limpeza, veste-se no corpo uma mortalha de algodão ou linho, composta por calça fechada nos pés, uma camisa, um camisão e um cinto do próprio tecido. São colocadas pedras sobre os olhos e a boca, para que o falecido não discuta com Deus a própria morte nem O veja antes do Juízo Final.

 

 

PEITO RASGADO
No cortejo até a sepultura, os familiares usam as roupas rasgadas (com uma tesoura) na zona do peito. Quem faz o serviço é o comandante da cerimónia, que concede a bênção Baruch Dayan Emet ("Bendito Seja o Verdadeiro Juiz"), em sinal de que devem crer na justiça divina mesmo após a morte de um querido.

 

 

O VELÓRIO
É o momento de reunir familiares e amigos do falecido para exaltar as suas qualidades, falar das bondades que praticou em vida e fazer orações em nome da sua alma. O caixão é ladeado por velas, para que o espírito encontre um caminho iluminado. A maior homenagem que fazem ao morto é oferecerem donativos a entidades beneficentes, o que trará conforto espiritual à alma diante de Deus.

 

 

MELHOR É O SILÊNCIO
Na curta cerimónia, as mulheres cobrem a cabeça com um lenço e homens com o quipá . Ninguém deve puxar conversa nem dar os pêsames aos familiares do falecido: os judeus creem que nenhuma palavra pode expressar tamanha dor, então o melhor é ficarem silenciosos nessa hora.

 

 

EM VOZ ALTA
O caixão fica fechado, expor o morto seria desrespeito, já que para os judeus o importante é lembrarem-se da pessoa como era em vida. O corpo nunca fica sozinho e os presentes não comem, não bebem, não cantam nem ouvem música. Em voz alta, rola a leitura dos salmos e declarações sobre as virtudes do falecido.


APÓS O ENTERRO

Alguns grupos da religião judaica não costumam ir direto para casa; os enlutados mais próximos alteram a rota, param em algum lugar e pedem algo doce para comer. O desvio do caminho é feito para "despistar o anjo da morte" e o açúcar ingerido disfarça o amargor causado pelo óbito.
 

 

LONGO RECOLHIMENTO
Ao voltar do cemitério, a família fica em casa, de luto, por sete dias. Três vezes ao dia, fazem orações e recebem visitas. Tudo aquilo que reflete, como os espelhos e porta-retratos, fica coberto , para que o morto não "veja" a própria imagem. Ao fim do período de luto, a família caminha nas proximidades da casa.


ÚLTIMA HOMENAGEM

O último ritual fúnebre dos judeus é a inauguração da lápide, que não é colocada no enterro. O tempo de espera varia de país para país: em Israel, segue-se o tempo mínimo de um mês. Na cerimónia, o túmulo é coberto com um pano preto e pequenas pedras.
 

HINDUÍSMO

 

Acreditam na reencarnação, ou seja, que a alma volta várias vezes à vida até se libertar. A vida na Terra é parte de um ciclo de nascimento, morte e renascimento. Logo que alguém falece, iniciam-se rituais para desprender a alma do corpo (geralmente é cremado), sem traumas e para que ela encontre uma nova casa que poderá ser o corpo de um humano ou de um animal, de acordo com o comportamento na vida anterior.


LIMPEZA FESTIVA
O corpo do falecido é lavado, untado com óleo e pasta de sândalo e vestido com boas roupas, como se fosse a uma festa; as mulheres são penteadas e os homens, barbeados. Uma mortalha de tecido recobre o corpo dos pés à cabeça, mas o topo do crânio fica descoberto.


AO AR LIVRE
Quando um hindu está prestes a morrer, o corpo é deitado no chão, a céu aberto, com a cabeça voltada para o sul. A prática, cultivada em regiões da Índia e em outros países, inicia o desprendimento entre corpo e alma.

O VELÓRIO

Nos rituais fúnebres hindus, o velório é apenas uma transição entre duas etapas mais importantes: a preparação do corpo, feita logo após a morte e a cremação, que tem forte simbologia. Por isso mesmo, não há regra estabelecida para essa fase e os adeptos de diversos segmentos do hinduísmo despedem-se, cada qual, à sua maneira.

Salvo excepções, como é o caso de líderes religiosos, a maioria dos hindus é cremada. Leva-se o corpo até um crematório, que normalmente é uma padiola. Se o morto é o chefe da família, o seu primogénito faz o trajeto segurando 7 a 40 dias. Todos ficam em casa, comem coisas leves, livram-se dos pertences do morto e fazem orações. Durante o período, os familiares não frequentam templos nem o comércio.uma tocha. As mulheres só comparecem à cremação se estiverem calmas porque chorar no ritual não é bem-visto.


RITUAL DO BARULHO
O corpo é colocado sobre uma pira de madeira ou palha e um sacerdote dá três voltas em torno do corpo (no sentido do relógio) aspergindo água e óleo. A cremação começa pela cabeça, que é a "casa da alma". Os familiares e amigos assistem à cerimónia até ouvirem um estouro, que simboliza que a alma se soltou do corpo.


CINZAS
Os corpos levam cerca de dois dias a queimar. As cinzas do morto misturam-se com os resíduos da madeira ou da palha da pira, formando uma montanha de cinzas. Algumas famílias deixam as cinzas no crematório, enquanto outras pedem que os restos mortais sejam colocados num pote antes de serem lançados ao rio.


RITUAL LIVRE
Há regiões da Índia em que familiares e amigos atiram
pétalas de rosas , margaridas e jasmins sobre o corpo e dão três voltas em torno dele. Também é muito comum escreverem cartas sobre o falecido, pedindo para que a alma encontre o caminho da luz. Outro costume é fazerem orações e lerem textos sagrados diante do morto.


APÓS A CREMAÇÃO
A família é considerada impura e deve tomar um longo banho ao voltar para casa. O período de reclusão dura entre 7 a 40 dias. Todos ficam em casa, comem coisas leves, livram-se dos pertences do morto e fazem orações. Durante o período, os familiares não frequentam templos nem o comércio.

BUDISMO

Segundo uma parábola, uma mulher procura Buda para reviver o filho. Buda pede a ela grãos de mostarda de uma casa em que nunca tenha morrido alguém. A mãe não encontra e desta forma percebeu que teria de conviver com a morte.


 

CHEIRO DE VIDA​
São acesas velas durante a oração no local onde se encontra o corpo. O rosto é coberto com um pano branco e acendem-se incensos a sua volta. Um monge budista é chamado para ler textos sagrados e confortar a família.

 

VELÓRIO

Familiares, amigos e um monge oram e despedem-se com calma, já que a morte é uma etapa de um longo processo evolutivo e não um fim definitivo. Os visitantes levam palavras de consolo para os parentes do morto e também algum dinheiro, para ajudá-los nas despesas do funeral.

DESAPEGO ILUMINADO
O corpo é colocado num caixão, com um rosário budista enrolado nas mãos. Os presentes recitam textos sagrados em coro. Algumas subdivisões dos budistas oferecem alimento e água e colocam num altar, como símbolo de desapego do corpo físico. Junto do caixão acendem-se velas e incensos.
No enterro repete-se o ritual do velório: oferendas de alimento às divindades em sinal de desapego. Os budistas costumam cremar os mortos, mas quando há enterro o caixão não pode levar a cruz. As crianças são levadas para as cerimónias fúnebres para se habituarem com a ideia da morte.


 

ENTERRAR VIVO​
Antigamente, para evitar que alguém fosse enterrado vivo por engano, amarrava-se um fio no pulso do defunto ligado a uma sineta. Se os coveiros ouvissem o badalo, salvariam o "morto". Assim surgiu a expressão "salvo pelo gongo".

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APÓS SETE DIAS DA MORTE​
Familiares e amigos reúnem-se para celebrar a memória do falecido e esse encontro repete-se em intervalos de sete dias, até o 49º, completando sete reuniões.

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FESTA AO AR LIVRE​
O Obon é uma celebração praticada no Japão ou em colónias japonesas, isso acontece anualmente a 15 de julho ou a 15 de agosto. As famílias enfeitam o templo ou determinadas áreas ao ar livre com velas e lanternas coloridas, dançam ritmos tradicionais e rezam para homenagear as pessoas queridas que já morreram.

 

VÁRIOS ANIVERSÁRIOS​
Também fazem parte da tradição os "ofícios memoriais", em que a família oferece uma cerimónia para celebrar o falecido e ocorrem nos seguintes aniversários de morte: 1º ano, 3º ano, 7º ano, 13º ano, 17º ano e 33º ano. Nessas ocasiões, os mais chegados leem textos sagrados e relembram como era a relação com o morto.

ISLAMISMO

 

Os muçulmanos creem que, assim como o nascimento, a morte também está nas mãos de Deus. Vivendo conforme os ensinamentos divinos, não há por que temer a morte. Assim, seguem tranquilos para a reencarnação. Os últimos momentos são de recolhimento e de reconhecimento da supremacia e da bondade do todo-poderoso Alá. Islâmicos que morrem em jihad (luta pela fé) não passam por isso, pois iriam direto para o paraíso.
"Foi Alá quem te criou, quem te sustentou e é ele quem te fará morrer", Suräh 30:40


 

PREPARO PURO
Familiares e amigos do mesmo sexo do falecido despem e lavam o cadáver entre três a cinco vezes, começando pelo lado direito, para devolver pureza à alma. Os orifícios, boca, vagina e anús são tapados com algodão e o corpo é coberto por um sudário branco e perfumado com cânfora.


PALAVRA FINAL
Parentes e amigos recitam o shahãdah, oração contra o demónio e de afirmação sobre a não existência de outro deus para além de Alá. Essas devem ser as últimas palavras ouvidas pelo moribundo para que se conscientize da importância de encontrar Alá na eternidade.
O enterro acontece o mais rápido possível por respeito ao falecido e a mortalha fica aberta nos pés e na cabeça. Já perfumado com cânfora, o corpo é colocado no caixão com o seu lado direito apoiado no fundo e com o rosto voltado para Meca. Versos do Alcorão são recitados ao fechar da cova:
"Levai o falecido imediatamente, porque, se ele foi um bom homem, então vós estais a tomar-lhe as boas coisas, e se ele não foi, então vós diminuireis o infortúnio dos vossos ombros tão logo que for possível." (Livro Sagrado dos Sunitas).

VELÓRIO

Para os muçulmanos, o velório é um intervalo entre outras etapas do ritual de despedida. Como o corpo deve ser sepultado depressa, a cerimónia serve para que os familiares tenham tempo de cumprir com as burocracias para o enterro ou para que aguardem a chegada de algum parente.

SIMPLES
Vestir preto não é obrigatório, mas os presentes devem estar trajados sobriamente, sobretudo as mulheres, que devem manter a cabeça coberta. Os presentes rezam em conjunto, perto do caixão, para que a alma do falecido siga o seu caminho em paz. Os familiares podem permitir música durante a cerimónia.

 

TRÊS DIAS APÓS A MORTE

Em países árabes, três dias após a morte, parentes do falecido contratam vários qãri' , profissionais que declamam o Alcorão ao lado da sepultura. O ato iluminaria o corpo na sua viagem até a eternidade. O Ritual mais comum é o encontro de amigos e familiares, depois de 40 dias do óbito, para lembrar o falecido.

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