Falar sobre a morte
O APEDREJAMENTO DE SORAYA
Vi este filme e fiquei sem dúvida impressionado, principalmente com a capacidade, ou melhor... com a incapacidade do ser humano de discernir em certos momentos o bem e o mal.
Dizem que todos nascemos com um fundo bom.
Sim... acredito que sim, não existe maldade, quando vimos ao mundo.
É inconcebível para mim, enquanto ser humano, mesmo com crenças ou não religiosas que se possa apedrejar alguém até ao seu último suspiro!!!
Que forma... mais horrível de se morrer.
Este filme é baseado na história verídica de Soraya e passa-se numa aldeia algures no Irão...
Como é certo e sabido e devido ás suas crenças culturais, ao próprio Corão, que para eles, mulher que olhe ou sorria para outro homem, está a cometer adultério e a pena é... ser morta à pedrada.
Isto ainda acontece nos tempos actuais?
Sim, infelizmente isso acontece.
E porque razão é aceite?
Bem, vamos recuar no tempo: Quando os fariseus trouxeram a Jesus uma mulher que havia sido apanhada em adultério e perguntaram a Ele se ela deveria ser apedrejada, Jesus respondeu: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire a pedra”.
Isto não deve ser usado para indicar que Jesus rejeitava a pena de morte em qualquer situação, Jesus estava simplesmente expondo a hipocrisia dos fariseus.
Mas Jesus, não só censurou os que queriam apedrejá-la (por falta de amor), mas como ele também não a apedrejou (puro acto de amor), Jesus não desrespeitou a lei, mas colocou o amor na frente e então o que prevaleceu?
Prevaleceu o amor e a misericórdia.
Eu não posso questionar as vezes que eu quiser o meu patrão no trabalho, seguimos regras e se queremos trabalhar, por mais que muitas coisas não nos agradem temos de aceitar. Porque é assim que funcionam as coisas e se aqui existem regras porque não lá em cima?
Aqui não temos bombas atómicas?
Não matamos? Não invadimos países? Não cometemos atrocidades? Não utilizamos armas químicas?
Isso é coisa de Deus ou dos Homens?
Fiquei chocado com o filme, principalmente com o apedrejamento.
Não vejo isso como uma solução para se fazer justiça, aliás, nenhuma justiça pode ser considerada moral e ética quando se condena alguém à morte.
Não é moral e ético morrer apedrejado!!! Num sofrimento atroz, tal como não foi moral, nem ética a morte de Jesus Cristo.
No Irão, infelizmente, o homem pode bater numa mulher quando quiser e como quiser. Lá não se vê um homem ser apedrejado por cometer adultério!
Ao longo do tempo, as mulheres, foram e continuam a ser mortas aos milhares.
Na verdade muitas culturas, principalmente as árabes baseiam-se no antigo testamento que era bastante "sanguinário" e recheado de regras.
A maioria das pessoas não concorda, mas existem milhões, isso mesmo, milhões de pessoas que concordam, porque é algo que está escrito na Lei de Deus.
Se a morte por apedrejamento é algo que Deus ditou como sua palavra (está escrito, tanto na bíblia como no Alcorão) não existem segundas oportunidades para as pessoas?
Se Jesus Cristo tivesse tido uma segunda oportunidade, provavelmente não teria sido condenado à morte!
Nem tudo tem de ser perdoado, ou talvez sim, depende do ponto de vista, mas por trás de um "simples" apedrejamento por adultério, existe uma história, existe um desenlace do porquê de tudo ter acontecido.
Acredito que muitas mulheres sejam de facto libertinas e cometem erros, mas também acredito que muitas mulheres são levadas a tal ponto por nossa culpa, por culpa dos homens, por falta de amor e carinho.
Mas daí a serem brutalmente assassinadas, pelo marido, filhos, pai, amigos!
Para que serve tamanha humilhação?
E de que serve matar?
Quando, para além dos homens do Irão, muitos homens por esse mundo fora, pecam pelo mesmo motivo, pela mesma fraqueza, nesse caso merecíamos ser “todos” apedrejados!